Escurecendo a cidade exaustamente, as ruas das casas arrefecem olhos; e afirmam-se nuas as pedras. - Mordi um dos teus cabelos. Vento agora? Sim, porque a noite, sim, porque a manhã. Éramos os dois jovens quaisquer, e os carris precisamente. - O mar nos ouvidos, durmo; se entretanto acordo… - Brando ser, poema pleno, flor leve, breve, à tona de ar, para lá de monte e mar. - Montes dormentes, giestas vergando-se; uma fonte na neve; imensa urze; verdes castanheiros, ouriços carregados. - Dá trabalho ter a casa em dia. Até correr cada compartimento, e achar cada coisa em seu lugar. Há sempre um papel a jogar fora. Tua casa esteja em ordem. Arruma-a, cada vez que precise. Guardes lá um recanto onde medites. Livros, palavras, sons para as horas mais longas. Que o mundo se restabeleça, ao contacto fresco das paredes da paz. - Entretecido nas pequenas rotinas, tais como barba, banho, café, retomo o fio à quotidiana sequência. - Trouxeste sabor a mel a meus momentos desolados. Devolveste-me ternura ao olhar magoado; obrigado! Se algo te dei, em breve cambiar de palavras, ou em jeito atrapalhado, guarda-o para ti, como eu guardo a graça, que me deste, e nem sei dizer. Os passeios, que dávamos, antes da doença, a consumir-nos exaustos. Ao repetir teu nome sei, trazido de volta, o tempo das gloriosas primaveras. Foi bom rever-te, agora, que regressaste à cidade plana, repleta com o teu eloquente azul olhar. Por onde se nos entornou o vinho dos sonhos? - Por abraçar-te última em meus braços: Estavas desde início comigo, não te esqueci, enviada, força estabelecida sob ângulo da nossa casa com uvas. Assim fomos nascendo do grande nada, lágrimas, sorrisos, perdas redimidas, na alegria feroz das horas companheiras.
Escurecendo a cidade exaustamente,
ResponderEliminaras ruas das casas arrefecem olhos;
e afirmam-se nuas as pedras.
-
Mordi um dos teus cabelos.
Vento agora?
Sim, porque a noite,
sim, porque a manhã.
Éramos os dois
jovens quaisquer,
e os carris precisamente.
-
O mar
nos ouvidos,
durmo;
se
entretanto
acordo…
-
Brando ser,
poema
pleno,
flor
leve,
breve,
à tona
de ar,
para lá
de monte
e mar.
-
Montes
dormentes,
giestas
vergando-se;
uma fonte
na neve;
imensa urze;
verdes
castanheiros,
ouriços
carregados.
-
Dá trabalho ter a casa em dia.
Até correr cada compartimento,
e achar cada coisa em seu lugar.
Há sempre um papel a jogar fora.
Tua casa esteja em ordem.
Arruma-a, cada vez que precise.
Guardes lá um recanto onde medites.
Livros, palavras, sons
para as horas mais longas.
Que o mundo se restabeleça,
ao contacto fresco das paredes da paz.
-
Entretecido nas pequenas rotinas,
tais como barba, banho, café,
retomo o fio à quotidiana sequência.
-
Trouxeste sabor a mel a meus momentos desolados.
Devolveste-me ternura ao olhar magoado; obrigado!
Se algo te dei, em breve cambiar de palavras, ou em jeito atrapalhado,
guarda-o para ti, como eu guardo a graça, que me deste, e nem sei dizer.
Os passeios, que dávamos, antes da doença, a consumir-nos exaustos.
Ao repetir teu nome sei, trazido de volta,
o tempo das gloriosas primaveras.
Foi bom rever-te, agora, que regressaste à cidade plana,
repleta com o teu eloquente azul olhar.
Por onde se nos entornou o vinho dos sonhos?
-
Por abraçar-te última em meus braços:
Estavas desde início comigo, não te esqueci, enviada,
força estabelecida sob ângulo da nossa casa com uvas.
Assim fomos nascendo do grande nada,
lágrimas, sorrisos, perdas redimidas,
na alegria feroz das horas companheiras.
Lindo Poema.
ResponderEliminarFez-me lembrar algo e alguém de quem sinto muita saudade.
Bem haja!