domingo, 27 de setembro de 2009

Pormenores



















2 comentários:

  1. Escurecendo a cidade exaustamente,
    as ruas das casas arrefecem olhos;
    e afirmam-se nuas as pedras.
    -
    Mordi um dos teus cabelos.
    Vento agora?
    Sim, porque a noite,
    sim, porque a manhã.
    Éramos os dois
    jovens quaisquer,
    e os carris precisamente.
    -
    O mar
    nos ouvidos,
    durmo;
    se
    entretanto
    acordo…
    -
    Brando ser,
    poema
    pleno,
    flor
    leve,
    breve,
    à tona
    de ar,
    para lá
    de monte
    e mar.
    -
    Montes
    dormentes,
    giestas
    vergando-se;
    uma fonte
    na neve;
    imensa urze;
    verdes
    castanheiros,
    ouriços
    carregados.
    -
    Dá trabalho ter a casa em dia.
    Até correr cada compartimento,
    e achar cada coisa em seu lugar.
    Há sempre um papel a jogar fora.
    Tua casa esteja em ordem.
    Arruma-a, cada vez que precise.
    Guardes lá um recanto onde medites.
    Livros, palavras, sons
    para as horas mais longas.
    Que o mundo se restabeleça,
    ao contacto fresco das paredes da paz.
    -
    Entretecido nas pequenas rotinas,
    tais como barba, banho, café,
    retomo o fio à quotidiana sequência.
    -
    Trouxeste sabor a mel a meus momentos desolados.
    Devolveste-me ternura ao olhar magoado; obrigado!
    Se algo te dei, em breve cambiar de palavras, ou em jeito atrapalhado,
    guarda-o para ti, como eu guardo a graça, que me deste, e nem sei dizer.
    Os passeios, que dávamos, antes da doença, a consumir-nos exaustos.
    Ao repetir teu nome sei, trazido de volta,
    o tempo das gloriosas primaveras.
    Foi bom rever-te, agora, que regressaste à cidade plana,
    repleta com o teu eloquente azul olhar.
    Por onde se nos entornou o vinho dos sonhos?
    -
    Por abraçar-te última em meus braços:
    Estavas desde início comigo, não te esqueci, enviada,
    força estabelecida sob ângulo da nossa casa com uvas.
    Assim fomos nascendo do grande nada,
    lágrimas, sorrisos, perdas redimidas,
    na alegria feroz das horas companheiras.

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  2. Lindo Poema.
    Fez-me lembrar algo e alguém de quem sinto muita saudade.
    Bem haja!

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